A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a ação de criminosos que estão aplicando golpes e recebendo benefícios liberados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Franca. Pelo menos dois casos foram registrados nesta semana no 1º Distrito Policial e as vítimas tiveram prejuízos que podem chegar a R$ 27 mil.
O padeiro, Semir Antônio Barbosa, é uma das vítimas da quadrilha que age de maneira organizada e utiliza documentos falsos para efetuar os saques. Após aguardar cinco meses pela liberação do auxílio doença, na última terça-feira (12) ele esteve na agência do Bradesco da Avenida Presidente Vargas por volta das 10h quando iria receber os valores.
“Quando eu cheguei já estavam uma senhora e os bandidos atrás dela na fila. Quando o banco abriu, eles entraram direto para fila do caixa, eu parei na mesa para falar com a atendente como é de praxe para apresentar os documentos e depois fui para fila do caixa. Aí o caixa falou que o cara passou com a minha identidade e sacou o dinheiro” disse a vítima.
Além dele, os criminosos também teriam sacado os benefícios de idosos que estavam na agência. Após a confusão, a Polícia Militar foi acionada e os funcionários do banco não souberam explicar o que aconteceu e segundo a vítima não deram nenhuma assistência.
“O banco não quis chamar a polícia, eu que liguei para a polícia e esperei chegarem e fui até o caixa para fazer o boletim de ocorrência” acrescentou.
Ainda de acordo com a ele, um dos criminosos é moreno de barba branca e outro é pardo e usava óculos. “Eu não consigo entender, que sigilo é esse que nós temos e que proteção que temos que os caras (bandidos) pegaram o nosso dinheiro na nossa cara sem apontar nem o dedo” desabafou.
Ouça a entrevista:
E esse não foi o único caso, diversos escritórios de advocacia procuraram a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) subseção de Franca para denunciar e cobrar empenho das autoridades na apuração dos casos.
O advogado, Théo Maia, que teve clientes que viveram a mesma situação explica que “os bandidos usam o original da identidade, a fraude está na foto”. O especialista em direito previdenciário ainda acrescentou que “se os fraudadores estão sabendo dia, hora, lotes, bancos de como receber o benefício de onde vem essa informação original ?”.
O objetivo da manifestação é exigir uma investigação mais aprofundada que esclareça também quem estaria colaborando com a quadrilha. Maia ainda disse “a Polícia Federal tem que vir urgentemente para Franca instalar um inquérito e contar com a ajuda da Polícia Civil. Só no nosso escritório foram três fraudes”.
Algumas vítimas conseguiram receber os valores após registro da ocorrência e apresentação do documento no banco, mas nem todas as agências efetuam os pagamentos de imediato.
Ouça a entrevista:
A equipe de investigação do 1º Distrito Policial já iniciou os trabalhos para tentar identificar os criminosos envolvidos no golpe. O delegado, Dalmo Matheus Polo, disse em entrevista ao Programa na Mira da Notícia apresentado por Marcelo Valim pela Rádio Imperador e ao portal Pop Mundi que “eu já solicitei as imagens do banco para que nos envie qual era o indivíduo que estava na fila e que retirou o dinheiro dessa vítima. Estamos com apuração adiantada e tenho certeza que vamos esclarecer esse fato”.
A participação de funcionários de bancos e até da previdência social também deve ser alvo de apuração. Dalmo disse que “nós temos que investigar que eles (criminosos) tem informação privilegiada, essa informação partiu de algum lugar, então vamos cruzar as informações para chegar ao indivíduo. E se tiver algum funcionário vamos encaminhar aos respectivos chefes para as providências” concluiu.
Ouça a entrevista: