Centro Pop pode ser fechado e causa polêmica na Câmara

Autor: Thiago Garcia

Fonte:

11/04/2018

O Centro Pop voltou a ser assunto e gerar polêmica durante audiência pública, nesta quarta-feira (11), na Câmara de Vereadores, em Franca (SP). Parlamentares e representantes de outros órgãos de segurança defenderam o fechamento da casa destinada aos moradores de rua que também usaram a tribuna para defender o espaço.

Márcio José da Silva, fez duras acusações aos policiais militares e disse que o Centro Pop é garantia de serviços sociais que eles não encontram nas ruas. “Nós somos espancados, qualquer que coisa que fazemos nós apanhamos, somos abordados e xingados... Não é comum os policiais chegar espancando a gente às 3h na praça do Itaú, depois manda a gente embora, ameaçam a gente”, disse o morador de rua que está há três anos como andarilho.  “Eu vivo na rua porque é uma missão de vida para mim ver e aprender as coisas, mas o que eu aprendi nesses três anos na rua é que a rua não é para ninguém, é sofrido”, completou.

Aos 42 anos, Adriana Cristina Marques Gomes vive em Franca há 30 anos e o último familiar na cidade era a mãe, falecida. Desde então, vive nas ruas e também relatou problemas enfrentados frente à sociedade. “Sofremos muito preconceito nas ruas, somos humilhados e agora estão querendo tirar a única oportunidade da gente melhor um ‘pouquinho’, querendo tirar o Centro Pop e lá eles me dão a assistência que preciso”. 

Com relação às acusações feitas por Márcio da Silva, o Coronel Valdemir Dias disse que houve exagero por parte do morador de rua. “Foi colocado para ele que aguardasse o término da sessão para que pudéssemos conversar e fazer o registro. O que ele deixou demonstrado foi um exagero, talvez tomado pela emoção, mas se realmente houve algum abuso por parte de uma ou outra guarnição, teremos que apurar. Espero que ele me procure no Batalhão”, disse Dias, de 15º Batalhão da Polícia Militar de Franca.

Para o Promotor de Justiça, Paulo César Correa Borges, o encontro foi fundamental para discutir as políticas relacionadas aos moradores em situação de rua. “O mais importante ainda foi verificar a vontade de vários setores em implantar essa polícia, tendo em vista em que muito ainda falta. Os equipamentos que existem são deficitários e também uma dificuldade de identificar o número exato dos moradores de rua em Franca, na medida que a casa momento se divulga um número”, disse.

Ainda segundo, Borges, atualmente são cerca de 300 moradores de rua na cidade, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento Social. 

Vários órgãos públicos relacionados com o tema também marcam presença na audiência, com representantes de Ministério Público, Defensoria Pública; Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Ação Social, Conselho Municipal da Ação Social, Polícia Civil e Polícia Militar.