Mães temem mais as drogas do que a morte em relação aos filhos

Autor: Redação Pop Mundi

Fonte:

10/05/2018

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Economia ACIF (Associação do Comércio e Indústria de Franca) revelou que o uso de drogas é o maior medo de 54,5% das mães em relação ao futuro de seus filhos. Em segundo lugar, apontado em 13,9% das vezes, aparece o item violência. Com 10,8% das menções encontra-se o desemprego.

Também foram citados como medos a falta de ensino (9,7%), orfandade (4,9%), solidão (1,7%) e acidente (0,7%). Empatados em último lugar, cada item com 0,3% de apontamentos, aparecem: divórcio, egoísmo, falta de caráter, falta de saúde, falta de religiosidade, gravidez precoce, homossexualidade, tragédia e morte. É válido ressaltar que as respostas acima foram dadas espontaneamente, em forma de pergunta aberta e não de múltipla escolha.

“Os medos mais citados estão interligados. Uma pessoa dependente da droga dificilmente será produtiva e possivelmente estará exposta à violência. É possível que a maior insegurança das mães seja, na verdade, a desestruturação de seus filhos”, afirma o doutor em Sociologia e Professor do Departamento de Educação, Ciências Sociais e Políticas Públicas da UNESP/Franca, Alexandre Marques Mendes.

Ainda de acordo com o sociólogo, as incertezas relativas ao futuro dos filhos são reflexos de uma somatória de cenários experimentados pela sociedade de um modo geral. “Vivemos uma instabilidade política que causa inseguranças em relação ao emprego. Se observarmos a questão ‘falta de ensino’, veremos mais um reforço para esta insegurança. Ainda sobre a ‘falta de ensino’, questões mais profundas vêm à tona, como as novas configurações do trabalho, enquanto profissões tradicionais vão se extinguindo, novas vão surgindo e, nesse contexto, as mães se veem aflitas, sem a certeza de que a educação oferecida seja a ideal para dar aos filhos chances de um futuro estável”, afirma.

Além dos temores constatados, a pesquisa traçou o perfil social das mães entrevistadas. De acordo com os resultados, 55,2% delas acreditam que “uma pessoa só pode ser feliz se constituir uma família”. Para a maioria, não é um dever exclusivamente feminino cuidar das refeições (59,7%) bem como não o são as tarefas domésticas (78,2%) e a responsabilidade masculina de prover a casa (68,9%). Para 74,5% das entrevistadas, equilibrar as tarefas profissionais com as familiares é, sim, um trabalho considerado difícil.

“As respostas mostram que Franca está alinhada ao pensamento e transformações sociais que vemos na Europa, nos Estados Unidos. Ainda somos uma cidade conservadora, mas a pesquisa mostra que isto está em processo de mutação”, afirma Mendes.

Para o presidente da ACIF, Dorival Mourão Filho, a pesquisa contribui para que o público local seja compreendido e também para subsidiar um alinhamento de expectativas entre os agentes dos setores econômicos e o consumidor. Ouça abaixo:

Metodologia

A pesquisa realizada pelo Instituto de Economia ACIF tem como método a amostragem probabilística estratificada (levando em consideração a renda dos moradores francanos para o Censo 2010 e os microdados de pesquisa do Instituto) com nível de confiança de 90% e erro amostral de 2,91%. A pesquisa foi realizada entre os dias 16 e 28 de abril, em diversos pontos de fluxo da cidade, como: Praça Nossa Senhora da Conceição, Praça Barão, Terminal Rodoviário Ayrton Senna, Av. Dr. Abrahão Brickmann (Leporace), Estação e Shopping do Calçado de Franca.